Como ajudar as crianças após a família mudar para outro país

“Tecnologia é tudo para quem mora fora”

Há quatro anos morando nos Estados Unidos, a jornalista Patrícia Maldonado, mãe da Nina, de 9 anos, e da Maitê, de 7, preocupa-se em manter os costumes e a língua natal agora que as filhas estão entrando na pré-adolescência. Aqui, ela conta o que as meninas ganharam (e perderam) com a mudança e como a tecnologia faz com que a distância diminua um pouco. “Facetime é vida para nós!”, afirma. Patrícia também dá uma dica valiosa para quem está em dúvida sobre o melhor momento para se mudar:

Já faz pouco mais de quatro anos que vocês estão nos EUA. As meninas tinham 3 e 5 anos quando chegaram. Você acha que foi mais fácil por elas estarem na primeira infância e ainda não terem tantos amigos quanto na pré-adolescência?

Tenho certeza de que tudo foi mais fácil por causa da idade delas, tanto que acho que, embora eu tenha explicado muito que a gente estava de mudança, elas não se deram conta disso durante um bom tempo. Acho que durante os primeiros meses elas achavam que estavam aqui de férias, como fazíamos sempre!

O que elas ganharam, e o que perderam, com a mudança?

Ganharam independência, chance de conviver com outras culturas, inglês fluente. Perderam o convívio com os avós (o que me dói muito!). E, com certeza, aqui elas têm mais autonomia e liberdade. Brincam na rua à noite, vamos ao supermercado de bicicleta. Coisas que teríamos medo de fazer no Brasil, infelizmente.

Que conselhos daria para pais e mães de pré-adolescentes que estão pensando em se mudar de país?

Meu conselho é: venham o mais cedo possível. Como eu disse, quanto mais cedo, mais fácil é a adaptação.

E como você tenta manter o contato delas com o Brasil: a língua, os costumes etc?

Na nossa casa falamos apenas português. E pegamos no pé das meninas para que não falem inglês quando não há necessidade. Nem sempre dá certo, mas a gente tenta. E por vários motivos: porque elas são brasileiras, porque vai ser ótimo falar mais de uma língua no futuro, porque português é uma língua dificílima e se perderem vai ser difícil aprender de novo, porque quero que elas se comuniquem com os avós que não falam inglês. Enfim, tenho milhões de argumentos! Sobre os costumes, eu mantenho explicando e mostrando como são coisas que só tem no Brasil (como a festa junina) e indo para lá com elas sempre. Cozinho arroz e feijão toda semana, compro produtos brasileiros (doce de leite, tapioca, pão de queijo). Enfim, valorizo as coisas do nosso país para que nada disso seja estranho para elas.

Quando se mora em outro país, a tecnologia ajuda a manter o contato com a família. Como é na sua casa? E como você coloca limites em relação a telas?

A tecnologia é tudo para quem mora fora. Facetime é vida para nós! Por meio dele participamos de casamentos, de aniversários. E os avós, tios e amigos do Brasil acompanham quando os dentinhos das meninas caem ou quando elas fazem uma apresentação na escola, por exemplo. Mas, tirando esses momentos, as meninas podem usar o Ipad uma hora por dia apenas, quando chegam da escola.

Fonte: O Globo

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