O que se passa na cabeça de um tween? Dá para proteger nossos filhos do cyberbullying sem colocá-los em uma redoma? E o papel da escola nessa fase? O quanto uma mãe é culpada pelos atos do seu adolescente? Essas são algumas das (muitas) perguntas que todo pai e mãe se faz de vem em quando. As respostas são complexas, cada uma renderia um livro inteiro, mas quatro filmes nos fazem a gente refletir e são obrigatórios para quem tem um pré-adolescente. Aqui, um breve resumo deles:
Divertida Mente – É entre os 8 e os 12 anos que o cérebro do ser humano cria a maior quantidade de novas conexões neuronais durante toda a vida. É tanta atividade acontecendo dentro da cabeça de um tween que até o tamanho cerebral aumenta. E, por conta disso, emoções e habilidades estão uma confusão só! Depois disso, na adolescência, ocorre a chamada poda neuronal – quando parte dessas ligações que não estão em uso são “descartadas” para que o cérebro volte ao tamanho normal e possa agir com mais eficiência. Sem entender exatamente como esse desenvolvimento acontece, corremos o risco de sermos injustos e de não ajudarmos nossos filhos. E a produção da Disney/Pixar também mostra o que se passa no cérebro de um tween de maneira simplificada. Com a consultoria de neuropsiquiatras, os roteiristas da animação conseguem deixar claro como as emoções se expressam nessa fase e explicam a poda neuronal usando as ilhas da personalidade (lembra que algumas delas são “implodidas” e substituídas?). Sem contar que Riley, a protagonista, tem 11 anos, exatamente a idade na qual acontece o ápice das conexões neuronais nas meninas (nos meninos, ela ocorre aos 12). Ou seja, o filme é uma aula de neurociência sobre os pré-adolescentes, além de ser uma boa oportunidade para assistir com eles e conversar depois.
Ferrugem – O filme brasileiro, que estreou no ano passado, é um soco no estômago. Ele não é para ser visto junto com os tweens e aborda já a fase da adolescência, mas é um pouco antes que precisamos fazer a educação digital dos nossos filhos. Por isso, acho que precisamos assistir – e refletir – sobre o que acontece ali e ensinar que cada mensagem, cada post, cada foto, cada ação no mundo virtual, por mais boba que pareça, pode tomar dimensões imensas na vida real. Entre os 8 e os 12 anos, a maior parte das crianças brasileiras vai ganhar seu primeiro smartphone e cada família vai decidir se deve liberar (ou não) as redes sociais acompanhadas de monitoramento e de regras claras. Assim, na adolescência, os jovens saberão como se comportar e ter noção da consequência daquilo que fazem na internet.
Capitão Fantástico – O longa é daqueles que fazem a gente rever cada decisão que tomou sobre a educação dos nossos filhos. Ao mostrar os efeitos o unschooling, para o bem e para o mal, e ao deixar claro o quanto a gente erra, ainda que seja por amor, ele questiona os sistemas de ensino atuais. Se na primeira infância os pais não devem se preocupar com o vestibular, já que habilidades muito mais complexas e importantes devem ser desenvolvidas na escola. Ao chegar na mudança do ensino fundamental 1 para o fundamental 2 uma luz amarela se acende. É hora de um colégio mais conteudista? Mas e o vestibular, que segue sendo a porta de entrada para a universidade? E as habilidades humanas, que serão essenciais no mercado de trabalho futuro? O quanto os amigos e o desenvolvimento das habilidades sociais conta nesse momento? Liderando seus seis filhos de forma livre e pouco comum, o capitão descobre que os extremos nunca são a melhor opção. Ah! Esse dá para assistir com os tweens mais velhos, a partir de 12 anos, se eles já forem mais maduros. E, claro, acompanhado de uma boa e rica conversa.
Precisamos falar sobre o Kevin – Mais um que pega fundo e que deve passar longe dos adolescentes. Inspirado no livro de mesmo nome, que é ainda mais denso do que o longa, ele fala sobre culpa, sobre bullying, sobre amor materno, sobre excesso de proteção, sobre permissividade, sobre a idealização da maternidade e sobre criação de vínculos. Ufa! É assunto que não acaba mais e que culmina com uma análise profunda do nosso papel como mães e pais. Esse filme pode ser assistido por quem tem filhos de qualquer idade, mas é na pré-adolescência e na adolescência que questões como autoestima e rejeição vêm à tona e podem causar muito mais do que depressão.
Fonte: O Globohttps://oglobo.globo.com/