Ser capaz de compreender, lidar e expressar a maneira como nos sentimos é essencial para a construção do caráter e de um estilo de vida mais saudável. Aprender desde cedo a encarar essas sensações nos torna mais preparados para as crises e conflitos da adolescência e da vida adulta, por isso, a escola tem ocupado um papel cada vez maior nesse processo, principalmente entre os mais novos. “Conseguir identificar e entender suas próprias emoções e sentimentos contribui para que a criança se desenvolva de forma íntegra. Quando os sentimentos são reconhecidos e entendidos, facilitam o campo das relações com o outro e consigo mesmo”, explica a professora do Infantil I, Amanda Rebello.
Trabalhar sentimentos na Educação Infantil significa levar as crianças por um caminho de autoconhecimento, para que possam perceber e verbalizar a maneira como se sentem. “O autoconhecimento promove o autodomínio, que promove o auto respeito, sendo este a condição para o sujeito respeitar o outro também. A lógica é que estando bem consigo mesmo, a criança terá condições de estar bem com os outros; enxergando valor em si mesmo, enxergará valor no outro, caminhando assim para a reciprocidade e cooperação”, relata Renata Bertolini, professora do T4 na Santi. Saber quais são seus gostos, preferências e como agir frente a cada situação favorece um ambiente de melhor convívio e desenvolvimento mútuo. “Ao se conhecerem mais, as crianças se sentem valorizadas, passam a pensar melhor em como agir frente a cada situação, procurando maneiras mais equilibradas” – aponta Renata – “Dessa forma, constroem a ideia de que as outras pessoas também podem sentir, conseguindo com pequeno apoio, levar em consideração outros pontos de vista”.
Existem diversas maneiras de exercitar esse reconhecimento e estimular as crianças a pensarem a respeito de suas emoções, seja com vídeos, histórias, diálogo ou até mesmo brincadeiras. “É preciso que haja repertório e vivências que geram esses aprendizados, por isso, vivenciar, conversar sobre e entender isso desde pequeno contribui para o desenvolvimento moral da pessoa”, justifica a professora Amanda Rebello. Na Santi, os pequenos têm diversas oportunidades de dizerem, em grupo ou individualmente, como se sentem, seja com rodas de conversas, pinturas e colagens ou jogos. Além disso, há também o “Projeto Convivência”, um projeto de desenvolvimento da moralidade que orienta as nossas práticas desde o Infantil I até o 9° ano.
A medida que conseguimos identificar nossos sentimentos e compreender o que eles representam no nosso cotidiano, desenvolvemos empatia, compaixão e conseguimos encarar de maneira mais positiva e equilibrada as dificuldades que a vida pode reservar para o futuro. Afinal, como diz a professora Renata Bertolini, “as crianças pensam diferentes dos adultos, mas sentem igual a nós”.
Fonte: O Estado de S. Paulo